sexta-feira, 7 de março de 2008

Dor de cotovelo?


Recebi um telefonema da Ju, faz um tempo. Ela chorava no telefone porque finalmente o idiota do namorado dela terminou com ela. Antes ela que tinha terminado, em pleno ano novo. Voltaram, e dias depois, bum! Ele terminara. Então por que ela chorava? Ela já não tinha tentado sair do relacionamento antes? O negócio é o orgulho ferido ou o conhecido "pé na bunda". Dói. Dói pra c@r@lho!

Quando a gente começa a namorar nem pensa em fim de namoro. Aí vem a rotina, primeiras discussões, brigas, ciuminhos bestas, deliciosos "fazer as pazes", alegria, tristeza, briga de novo, ajuda, cumplicidade, e vai indo, indo... Chega uma certa altura em que você começa a pensar sobre sua vida, possibilidades mil e aquele "e se...". Sabe? "E se eu estivesse namorando ainda quele outro crápula? E se não tivesse com o João agora? E se fosse solteira e saísse com as meninas quase todo final de semana? E se eu ligasse mais para os amigos ao invés de passar meu final de semana na frente da tela de televisão assistindo seriado da HBO, comendo pipoca com o João? E se a gente terminasse, como seria? Ou melhor: e se ele terminasse comigo? Será que ele vai terminar comigo?"

Ixi!!! Aí vem a paranóia. Você começa a pensar na possibilidade do cara terminar com você (nem de longe ele deve estar cogitando isso agora). Já ói o coração, dá aquele nó na garganta e uma lágrima já escorre pelo rosto. Ó mente vazia!!!! Mas acontece. Quem NUNCA pensou nisso que atire a primeira pedra.

Aí a doida paranóica começa a pensar milhões de formas e razões que o João teria em terminar com ela. E ela, a pobre vítima, se sente cada vez mais angustiada. A mente começa a trabalhar a 1546 cavalos de potência. Quando a louca encontra o namorado não consegue disfarçar. Começa a "cutucar a onça com a vara curta" - na tentativa de descobrir como ele vai terminar com ela (lembremos que ele ainda não pensa no assunto - sua cabeça ainda gira em torno do 3x0 que o Flamengo perdeu na noite anterior). A paranóia continua até que ele, sem entender p.n. do que está acontecendo com a namorada (chega ao ponto de achar que ela está possuída pelo "satanás"), perde a paciência e eles acabam brigando.

"É o fim", pensa ela. Ela já sofre por antecipação. Já se imagina embriagada em um bar conversando com o atendente gay sobre a discriminação existente sobre as mulheres (???!!!) e ainda, ao raiar do dia, tenta de tudo levar o cara pra casa por falta de opção (pra não falar em desespero). Realmente o ócio é oficina do diabo. Mas pára por aí. "Não!!!! Ele não vai nem ter a chance de terminar o namoro comigo! EU que vou dar um passo a frente e EU que vou terminar com ele". Maquiavélica!!!!!!!!!!!

Pra resumir a história: ela realmente terminou com ele. Inventou uma desculpa de que não gostava do suor dele (péssima desculpa - poderia levar o cara para um divã pelo resto da vida). Só sei que foi assim. Ele não entendeu nada. Tentou fazê-la mudar de idéia, mas logo desistiu. Viu que tinha alguma coisa de errada na situação, mas não quis entrar muito no assunto e nem filosofar muito sobre isso - vai que ele chegasse à conclusão de que tinha um par de chifres na cabeça - seria a morte!!!! Preferiu achar que a Renata tava louca e precisava de auxílio médico. Deixou pra lá. E Renata tirou um peso enorme do ombro quando terminou com ele. O nó na garganta e aquela dor que sentia no peito também passaram - ele não terminou com ela; ela que terminou com ele. E assim foi.

João, no mesmo dia saiu para um happy hour com os amigos, solteiro e um pouco chateado. No final de semana seguinte liga para o amigo:
- E aí, véi! Beleza?
- Beleza. Pegou ontem?
- Claro. Gostosa pra caralho. E hoje tem mais. Bora jogar uma pelada mais tarde?
-Beleza. Até!

Renata continua solteira e não pegou ninguém. Comeu o estoque de chocolate da mercearia em uma semana, engordou 5 quilos e começou a ler o livro "Os homens são de Marte e as Mulheres são de Vênus".
-Amiga, tudo bem?
- Tudo... tô aqui em casa sem fazer nada. Como será que tá o João? Fico pensando que ele tá chateado comigo, na maior fossa. Não queria terminar daquele jeito. Será que eu dou uma segunda chance pra ele?
- Ele te ligou?
- Não...

...

Sabe... às vezes é melhor levar o fora. Dói. Um merda. Mas passa, bem rapidinho. Vejo pela Ju que levou o fora... e o camarada João. Sobreviventes sem medo da dor de cotovelo. Faz parte, viu?

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