segunda-feira, 12 de maio de 2008

Mulheres no banheiro



Minha mãe ficava histérica com os banheiros públicos. Quando pequena me levava ao banheiro, me ensinava a limpar a tampa do vaso com papel higiênico e cobri-lo cuidadosamente com tiras de papel em toda a borda. Finalmente me instruía: "Nunca, NUNCA se sente em um banheiro público".

Logo me mostrava a “posição", que consiste em se equilibrar sobre o vaso em uma posição de sentar sem que o corpo entre em contato com o vaso. Isso foi há muito tempo, mas ainda hoje "a posição" é dolorosamente difícil de manter quando a bexiga está quase estourando.

Subir no vaso, nem pensar. Minha mãe dizia que ele pode quebrar e o corte é tão horrível que chega a separar as pernas do corpo se você tiver sorte, porque com a filha da amiga da cunhada da vizinha foi muito pior... Melhor não tentar.

Quando você vai a um banheiro público sempre encontra uma fila de mulheres que te faz pensar que as cuecas do Brad Pitt estão à venda pela metade do preço. Espera pacientemente e sorri para as outras mulheres que também estão discretamente cruzando as pernas.

Finalmente é a sua vez, você olha cada cubículo por baixo da porta pra ver se não há pernas. Todos estão ocupados, mas finalmente uma porta se abre e você entra quase jogando a pessoa que está saindo. Você entra e percebe que o trinco não funciona, mas não importa...

Você pendura a bolsa no gancho que tem atrás da porta e, se não tem gancho, você a pendura no pescoço mesmo, enquanto se equilibra, sem contar que a alça da bolsa quase corta a sua nuca, porque está cheia de porcarias que você foi jogando dentro, das quais não usa a maioria, mas as tem aí, para o caso de precisar.

Mas, voltando à porta... Como não tinha trinco a opção é segurá-la com uma mão, enquanto com a outra você abaixa a calcinha e fica "na posição"... Alívio... Ahhhhhh... Mais alívio, aí é quando suas pernas começam a relaxar e você adoraria sentar, mas não teve tempo de limpar o vaso e nem cobrir com papel, nessa hora você quase tem um treco de tão aliviada, ai dá uma desequilibrada e erra a mira. Pronto, o suficiente pra ficar molhada até as meias, e é óbvio que dá pra notar.

Para afastar o pensamento dessa desgraça, você procura o rolo de papel higiênico... Maaaas.. o rolo está vazio! As suas pernas continuam querendo relaxar. Aí você lembra de um pedacinho de papel higiênico ou lencinho de papel ou até mesmo um guardanapo que está na bolsa. E agradece profundamente a si mesma por ser tão prevenida, lembrando sempre de andar com estes gêneros de primeira necessidade na bolsa, ainda que contribuam para um certo peso extra. Vai servir. O problema é conseguir achar o maldito papel na bolsa com apenas uma mão (a outra está segurando a porta sem trinco) e não sair da “posição”.

Enquanto você está usando sua mão livre para abrir o zíper do bolsinho lateral da bolsa e procurar o papel, alguém empurra a porta e, como o trinco não funciona, você empurra de volta a porta enquanto grita: "tem geeeeeente". Mas o empurrão foi fatal. Você já está profundamente desequilibrada e cai sentada no vaso.

Você se levanta rapidamente, mas é tarde. Seu traseiro já entrou em contato com todos os germes e formas de vida do vaso porque VOCÊ não o cobriu com papel higiênico, que de qualquer maneira não havia, mesmo se você tivesse tido tempo de fazer isso.

Sem contar a tristeza, o nojo, a raiva, o quase corte na nuca pela alça da bolsa, a espirrada de xixi nas pernas e nas meias, que ainda estão molhadas, ainda vem a lembrança de sua mãe, que estaria terrivelmente envergonhada de você, porque o traseiro dela nunca sequer tocou o assento de um banheiro público. Como ela dizia, "você não sabe que tipo de doença pode pegar ai".

Mas a aventura não termina... Agora vem a descarga do banheiro. Duas opções: ou não funciona (e você fica horas apertando a válvula nojenta para sair um filetinho de água) ou está operando no “modo tsunami”, jogando água pra tudo que é lado. Você aperta o botão e espera... Meu Deus..... é a segunda opção. A água manda tudo pro esgoto com tanta força que você tem que se segurar no porta-papel (quando tem) com medo de que aquele negócio te leve junto e te mande pra China. Aí, finalmente, quanto você se rende, está bastante respingada pela água que saiu da privada.

Você está exausta. Tenta se limpar com uns papeizinhos de chiclete Trident que estavam na bolsa e depois sai discretamente para a pia. Se olha no espelho e pensa no banheiro de casa, limpinho, cheiroso, com bastante papel e descarga que funciona de um jeito normal. Será que as pessoas verão você voltando do banheiro com a roupa ligeiramente molhada? Água nojenta... Raiva, vontade de chorar. Você sai passando pela fila de mulheres que ainda estão esperando com as pernas cruzadas e nesse momento você é incapaz de sorrir.

Uma alma caridosa no fim da fila te diz que você tá com um pedaço de papel higiênico do tamanho do rio Amazonas grudado no sapato! Você puxa o papel do sapato e joga na mão da mulher que disse que estava grudado e lhe diz suavemente: "Toma! Você vai precisar!" e sai.

Nesse momento, seu namorado ou marido que entrou, usou e saiu do banheiro masculino e teve tempo de sobra pra ler "Guerra e Paz" enquanto esperava, pergunta: "Por que demorou tanto?" É nessa hora que você dá um chute no saco dele e o manda pra puta que o pariu!

Isto é dedicado a todas as mulheres de todas as partes do mundo que já tiveram que usar um banheiro público.

E finalmente explica a vocês, homens, por que nós demoramos tanto.

(autora desconhecida)

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