terça-feira, 11 de novembro de 2008

Réplica

Bem, acontece que participar de "farra", muitas vezes tem a ver com o fato de se estar solteira. Tem coisas que só alguém que está solteiro tem pique de fazer como passar 15 horas num churrasco, sair de segunda a segunda “caçando”, topar qualquer furada só pra não ficar sozinha em casa, etc. Pode reparar, de todas as pessoas que participam de eventos dessa maneira, com tanta animação e disponibilidade ou são solteiros ou são namorados não muito fiéis... Ou só eu que percebo isso? Repare: se tem algum casal, eles nunca ficam as 15 horas non-stop, nunca saem de segunda a segunda e muitas vezes arranjam coisas pra fazer em casa e evitar furadas... Ou seja, não é só uma amiga que fica “com preguiça”, é qualquer pessoa que comece a namorar.


Além disso, a partir da formação do casal é preciso conciliar eventos, família e amizades dos dois lados. Antes, quando solteira, você tem todo o tempo exclusivamente para seu próprio mundo. Mas depois, é preciso arranjar tempo (e animação) para o dobro de aniversários, o dobro de happy-hours, o dobro de visitas, o dobro de vontades e por aí vai. E o tempo do próprio casal? E o tempo pra si próprio? Pois é... E aí vem as cobranças... Como agradar tanta gente sendo que temos as mesmas 24 horas do dia do tempo de solteira?

Aí vem a culpa de não conseguir agradar a todos. A família já não pode ficar à vontade porque tem sempre aquele cara dentro de casa, as amigas “solteiras e animadas” querem que você vá bela e garbosa naquela festa lá na pqp com suco gummy quente porque vai tá cheia de gatos, seu namorado fica mal porque tá cheio de amor pra dar e você capota e baba no sofá e, por cima disso tudo, você fica frustrada porque o tempo tá passando, você encheu o saco do seu emprego e tá doida pra estudar e não tem a mínima energia porque tem que agradar a todos ao mesmo tempo!

Haja disposição! Acontece que as coisas mudam e devem mudar. Será que dá pra ser solteira, namorada, animada, tarada, estudiosa, boa filha, profissional, bêbada, amiga, notívaga, esportista tudo ao mesmo tempo a vida toda??? Não, não dá. Na verdade é tudo questão de momento. Cada coisa a seu tempo: tem hora pra “farrear”, tem hora pra sossegar, tem hora pra namorar, pra fofocar, pra estudar, enfim. E não que cada uma desses momentos sejam inferiores o superiores aos outros, não que um relacionamento deva ser prioridade. Cada um é prioridade em algum momento na vida e cabe aos outros “relacionados”, compreensão. A família tem que compreender que viajar com eles não rola porque você precisa economizar dinheiro e tempo pra um cursinho, seu namorado tem que compreender que se sua amiga te liga 3 horas da manhã pedindo sua companhia, ele não tem nada que se meter e muito menos vir atrás ou emitir qualquer opinião, suas amigas “solteiras e animadas” têm que compreender que qualquer pessoa em sã consciência iria preferir ficar em casa sábado a noite bodada, vendo "Terminator" de baixo da coberta com o namorado e comendo brigadeiro de panela (o chantily fica pra mais tarde) que ir pra uma festa tocando música eletrônica a noite toda...


E os “comprometidos” também têm que ter compreensão com os solteiros. Os assuntos muitas vezes acabam não sendo os mesmos, afinal são situações, são momentos diferentes, quase opostos. Assuntos como: “no final da festa tava todo mundo na piscina”, “lembra daquele cara? Fiquei com ele de novo” ou “nem sei como cheguei em casa” viram quase como um eco, você tem uma leve lembrança de como era e esse é o momento atual da sua amiga solteira. Como ser a mesma ouvinte de antes sendo que não está mais lá? Será que não seria melhor pra própria solteira conversar sobre isso com outras solteiras? Mas mesmo assim, você meio sem assunto, adora ouvir, afinal é sua amiga querida, mas não está no mesmo momento, neste momento. É como amizade entre casais com filhos ou sem filhos. Complica... E no fundo, um tem um pouco de inveja do outro em algum momento... Os solteiros adorariam ficar em casa com o cobertor de orelha, comendo brigadeiro de panela e os namorados sentem falta de ficar até 8 horas da manhã dançando, sem ter que dar satisfação pra ninguém... Mas não é por isso que a amizade acabou ou que um não quer mais saber do outro. E da mesma forma que sua amiga solteira sente muita falta da sua cumplicidade, você, comprometida, também sente falta de ser cúmplice das suas amigas como antes. É... Não dá pra ter tudo ao mesmo tempo...

Aí vem o resmungo que nunca falam pra gente, mas a gente fala dos outros. Família: “é, né? Sai o fim de semana inteiro, gasta com cerveja e agora não tem dinheiro... Mas na hora que precisa, sabe procurar”; amigos: “é sempre assim, começa a namorar e some. Aí quando briga com o namorado, liga na mesma hora”; namorado: “outra festa? Outro aniversário? Mas eu tava planejando um jantar a dois...” E por aí vai...

Será que se essas pessoas amam tanto a gente assim não conseguem perceber que o amor da gente é recíproco sim, mas que somos uma pessoa só? E será que é errado procurar as pessoas que amamos no momento que precisamos? E quando fazemos uma “manobra” e desagradamos uns pra agradarmos outros, não conta? E que por justamente amarmos todos, não é necessário competir e muito menos cobrar? Amor não se divide, só se multiplica. Caraca, que brega! Mas não é que é verdade???

Todos os relacionamentos têm problemas, O desafio maior é conseguir dividir o tempo para todos, dar a atenção devida e EXCLUSIVA a todos em algum momento e fazer todos se sentirem importantes e não inferiores, porque não são de forma alguma. E, last but not least, vamos fazer o que é a NOSSA vontade e relaxar, realmente não dá pra agradar a todos o tempo todo...

Isso é tão difícil, né? E, fala sério, quem nunca namorou e acomodou, e se terminou, chorou no ombro de uma grande amiga, que atire a primeira pedra.

2 comentários:

Mari disse...

Nossa!!! Adorei esse texto! Parabéns! =))

Ana Manu disse...

texto super-maravilhoso...
vou indicar pras minhas amigas
xxoo